Este é o segundo texto da série sobre Terapia Comportamental. Nele vou discutir alguns princÃpios que guiam o trabalho do profissional terapeuta.
1. O objeto de interesse da terapia é o comportamento do cliente
O interesse do terapeuta comportamental é o comportamento, compreendido como a relação entre o indivÃduo e o ambiente que o cerca. Dentro dessa definição entram comportamentos públicos. Sentimentos e pensamentos são também comportamento e merecem uma atenção especial na terapia. Sentimentos mostram o grau em que o cliente está envolvido com determinado problema. Os pensamentos indicam como o indivÃduo interpreta o que lhe acontece. Saber sobre como o cliente sente e pensa é fundamental para entender seus problemas e propor soluções adequadas.
2. O comportamento é aprendido
Apesar de existirem comportamentos inatos, a maior parte do comportamento humano é aprendido. O modo como agimos, os pensamentos que temos sobre os fatos e pessoas, a maneira como interagimos com os outros, tudo é aprendido. Mesmo o comportamento inadequado, que causa sofrimento, é aprendido. Isso leva à idéia de que é possÃvel desaprender os comportamentos inapropriados e aprender uma maneira alternativa e mais saudável de agir.
3. A pessoa não é doente. Seu comportamento é que está inadequado
Baseando-se nos princÃpios anteriores, chega-se a um fundamento importante da terapia comportamental: não existem pessoas doentes. Ora, se o comportamento é relação e se o comportamento é aprendido, significa que ações que causam sofrimento ao indivÃduo estão ocorrendo em caráter temporário, como conseqüência de um aprendizado ou de um contexto inadequado. Mudando o aprendizado, mudando as relações com o ambiente, o sofrimento cessa. Ou seja, o que está problemático é o que o indivÃduo faz, e não o indivÃduo em si. Ainda que não inteiramente precisa, pode-se usar uma frase para resumir essa idéia: o indivÃduo não é doente, seus comportamentos é que estão doentes.
4. Não se muda comportamento. Muda-se ambiente
É impossÃvel ter acesso direto ao comportamento. Lembre-se que ele é relação entre o indivÃduo e o ambiente. Não se pode mudar o indivÃduo diretamente: isso seria como pegar os seus braços, levá-lo até o copo e fazê-lo fechar as mãos em torno do recipiente. Não é praticável, não é desejável e, mesmo no exemplo acima, não se está de fato modificando o indivÃduo.
O terapeuta (de qualquer linha) tem acesso somente ao ambiente. Felizmente, mudanças no ambiente resultam em mudanças no comportamento. Tudo o que o terapeuta faz é estimulação ambiental para o cliente. Sorrir, falar, sugerir são ações do terapeuta e estÃmulos para o cliente.
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Esses quatro princÃpios estão descritos de forma resumida e não encerram todas as caracterÃsticas importantes da terapia comportamental. Mais dessas caracterÃsticas vão ser discutidas no decorrer dessa série. No próximo texto será apresentado o conceito de análise funcional.
Robson Brino Faggiani
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